O cérebro é a parte do corpo mais difícil de estudar. O fato de o carregarmos nesta ‘caixa’ sobre os ombros complica muito a pesquisa. Mas os cientistas dizem que já aprenderam muito sobre como o cérebro processa as informações fornecidas pelos cinco sentidos. Considere, por exemplo, a maneira como ele lida com os estímulos visuais
A luz atinge o olho e chega à retina, que consiste em três camadas de células no fundo do globo ocular. A luz penetra até a terceira camada onde existem dois tipos de células: os bastonetes, sensíveis à luminosidade, e os cones, que captam a luz de diferentes comprimentos de onda (correspondentes às cores vermelho, verde e azul). A luz decompõe pigmentos nessas células, que enviam um sinal às células na segunda camada e dali a outras células na camada superior. Os axônios dessas últimas se juntam para formar o nervo óptico.
Os milhões de neurônios do nervo óptico convergem para uma junção no cérebro conhecida como quiasma óptico. Ali os neurônios que transportam sinais vindos do lado esquerdo da retina tanto do olho direito como do esquerdo se juntam e seguem caminhos paralelos até o lado esquerdo do cérebro. Similarmente, sinais vindos do lado direito de cada retina se juntam e seguem até o lado direito do cérebro. Os impulsos chegam, a seguir, a uma estação de retransmissão no tálamo, e de lá os próximos neurônios passam os sinais para a região posterior do cérebro conhecida como córtex visual.
Diferentes componentes de informação visual trafegam em caminhos paralelos. Os pesquisadores sabem agora que o córtex visual primário, junto com uma região próxima, atuam como uma agência de correio fazendo a triagem, o direcionamento e a integração das várias informações trazidas pelos neurônios. Há uma terceira região que detecta o formato dos objetos (como as bordas) e os movimentos. A quarta região reconhece tanto o formato como a cor, ao passo que a quinta atualiza constantemente os mapas dos dados visuais para acompanhar os movimentos. Pesquisas atuais indicam que até 30 regiões no cérebro processam as informações visuais coletadas pelos olhos. Mas como é que elas se combinam para formar uma imagem? Como é que a mente “vê”?
Os olhos reúnem informações, mas evidentemente é o córtex que processa as informações recebidas pelo cérebro. Fotos tiradas com uma câmera revelam detalhes do cenário inteiro. Mas quando os olhos observam o mesmo cenário, a pessoa conscientemente se concentra apenas na parte em que focaliza a atenção. Como o cérebro faz isso ainda é um mistério. Alguns acham que é o resultado de uma integração gradativa de informações visuais nas chamadas zonas convergentes, que ajudam a pessoa a comparar o que vê com o que já conhece. Outros sugerem que às vezes a pessoa só não consegue ver algo claramente porque os neurônios que controlam a visão atenta não estão sendo acionados.
Seja como for, as dificuldades que os cientistas enfrentam para explicar como funciona a visão são insignificantes em comparação com os problemas envolvidos em determinar exatamente o que são a “consciência” e a “mente”. Técnicas como a ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons têm dado aos cientistas uma nova visão do cérebro humano. Observando o fluxo sanguíneo para certas regiões do cérebro durante o processo de pensar, concluíram com razoável certeza que aparentemente regiões diferentes do córtex ajudam a pessoa a ouvir, ver e pronunciar as palavras. Mas o fenômeno da mente, da consciência, é muito mais complexo do que se suspeitava. De fato, grande parte dos mistérios sobre o cérebro ainda não foram desvendados