A pessoa talvez fique imaginando como qualquer forma determinada de vida marinha possa evitar a extinção em face de todos os seus predadores. Mas os vários tipos de vida marinha têm diferentes meios de sobreviver como espécie. Um modo é pela reprodução superprolífica. A diminuta diatomácea, a mais numerosa das plantas microscópicas, poderá ter um bilhão de descendentes em um só mês. O hadoque deposita até nove milhões de ovos de uma só vez. A ostra deposita até 500 milhões de ovos por ano. Um bilhão de cavalas ao largo da praia sul do Cabo Cod produzem calculadamente 64 trilhões de ovos durante a época da reprodução. Os ovos e os peixinhos e outros animais marinhos são rapidamente engolidos por inteira hoste de predadores de todo tipo. No caso das cavalas, calcula-se que, de um milhão de ovos, apenas de um a dez peixes sobrevivem até à idade madura. A taxa de mortalidade situa-se entre 99,98 e 99,99 por cento. Todavia, há abundância de cavalas, hadoques e ostras. O mesmo se dá com muitos outros animais, tais como os mexilhões, os camarões, etc. É só o predador homem que tende a desequilibrar os assuntos e que ameaça destruir espécies inteiras.
Outros peixes, ao invés de dependerem inteiramente de números, protegem seus ovos ou os peixinhos. No caso de alguns tubarões, os ovos são chocados e os peixes recém-nascidos vivem por certo tempo nas partes traseiras da mãe. Alguns peixes prendem seus ovos às rochas, às plantas, etc.; alguns os ocultam com espumas e membranas. Em outras espécies, o macho leva os ovos na boca ou numa bolsa (como faz o cavalo marinho) até que sejam chocados. Amiúde, contudo, os filhotes cuidam de si mesmos depois de chocados. Mas, o golfinho, um mamífero, continua a guardar seu filhote dos inimigos.
O pepino-do-mar (holotúria) talvez tenha o método mais estranho de proteção. Quando em perigo, simplesmente expele seus intestinos. Evidentemente o faminto predador prefere alimentar-se dos intestinos ao invés do saco coriáceo, sem sabor, que sobra. Daí, o “saco vazio” produz novos intestinos. Células urticantes ajudam os animais mais estáticos ou parados, tais como a medusa, a afastar seus inimigos. Outros dependem da velocidade, da esperteza, do tamanho ou da força. Algumas lulas do mar profundo possuem ímpar aparelho protetor. Lançam uma nuvem luminosa para cobrir sua retirada. Outros peixes emitem fortes raios de luz para desviar os predadores de seu alvo ou “cegá-los” temporariamente.
Visto que praticamente todos os animais marinhos enfrentam predadores que procuram caçá-los, empregam comumente a camuflagem. O peixe-borboleta, por exemplo, dispõe duma mancha de olho no corpo para desviar o atacante da cabeça. As costas dos peixes de mar aberto são verdes ou pretas porque o mar, visto de cima, tem tal aparência. Mas, olhando-se de baixo, a superfície do oceano parece prateada ou esbranquiçada. Correspondentemente, o lado de baixo da maioria dos peixes tem essa cor.
No mundo dos oceanos, onde a visão se limita a uma distância de cerca de trinta metros, e onde o meio ao redor é muito mais pesado do que ó ar, os seres marinhos possuem equipamento que os animais terrestres não possuem. Um deles é um “sexto sentido”, possuído pela maioria dos peixes que nadam rápido. Este consiste em sistema longitudinal de canais que vão da cabeça à cauda, chamado de “linha lateral”. Habilita os peixes a sentir até mesmo ligeiras mudanças nas pressões externas. Desta forma, milhares de peixes num “cardume” podem permanecer juntos e mover-se em perfeito uníssono, mudando rápido de direção como um só corpo. Também, a uma distância e tanto, são avisados dos inimigos que se aproximam. Por meio deste sentido, também podem evitar chocar-se com obstáculos, tais como a parede de vidro dum aquário.